Entrevista concedida ao grupo Mais Suplementos / Supply Nutrition pelo médico Dr. Julian Yin, especialista em Endocrinologia, Nutrologia, Medicina do Esporte com foco em esportes de alto rendimento, promoção de saúde, qualidade de vida e bem-estar.
Doutor Julian, fale para aqueles que nos lêem quem é o Doutor Julian?
R.: No ano de 1996, quando cursei o primeiro ano da faculdade de medicina em Teresópolis, no Rio de Janeiro, conheci o hoje médico Dr. Rafael Higashi. Nos tornamos grandes amigos e moramos juntos na mesma república de estudantes. O pai dele é médico homeopata e praticante da Medicina Ortomolecular há vários anos. Nesta época tive meu primeiro contato com esta prática médica e comecei a participar de alguns congressos na área. Em 1998 comecei um curso de Medicina Ortomolecular ainda como acadêmico de medicina e iniciei os meus primeiros contatos com a medicina preventiva. Passei a ter ligação com conceitos como melhoria na qualidade de vida e desintoxicação. No mesmo ano comecei a praticar Jiu Jitsu e fiquei muito curioso ao ver as pessoas a consumirem alguns alimentos antes dos treinos, com ovos e bananas. De uma forma quase automática comecei a pesquisar mais sobre estas questões e acabei me envolvendo com a nutrologia. Quando me formei, no ano de 2002, refiz o curso em Medicina Ortomolecular que não é considerada uma especialização e sim uma prática. Daí para frente comecei a atender como médico na área de cardiologia e comecei a perceber que em geral os pacientes que procuravam atendimento já estavam com um quadro de doenças avançado. Ao lidar com estes pacientes, passei a refletir sobre os motivos que levaram àquele quadro de saúde e comecei a pensar por que não preveniram para que não chegassem a este estágio. Neste momento decidi fazer uma especialização em Medicina Esportiva. No curso há uma parte dedicada à reabilitação cardiovascular para atender pacientes pós-infarto. Inclusive recomento a todos os colegas médicos cardiologistas que façam especialização em Medicina Esportiva para saberemprescrever para seus pacientes a prática de exercícios que auxiliam na reabilitação do músculo cardíaco pós-infarto. Depois desta especialização, comecei a me envolver mais com o outro lado da saúde, que é justamente a prevenção e a promoção da saúde. Senti mais satisfação em promover saúde que cuidar do paciente já doente que procura o hospital. Depois que já está doente, o paciente passa para uma condição de dependência de medicamentos e outras situações que, se prevenidas, poderiam ser evitadas. Também tive uma situação familiar me incentivou a buscar mais conhecimentos nesta área de prevenção e promoção à saúde. Meu pai teve um problema de perda de memória. Ao aprofundar meus estudos passei a perceber a importância do sono no processo de envelhecimento. Fiz o tratamento com meu pai e ele conseguiu recuperar a memória. Foi uma intervenção realizada antes de que o caso dele se agravasse, ou seja, exatamente o que busca a medicina preventiva. Também me especializei em Endocrinologia, hoje sou membro titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia. Cursei especialização em Nutrologia para me aprofundar mais os conhecimentos em nutrientes e seu papel no metabolismo. Entre outros cursos de aprimoramento estudei Fitoterapia, Bioquímica, Suplementação Esportiva, Nutrologia na Geriatria. Também sou graduado em Medicina Funcional e Regenerativa nos Estados Unidos e sou membro do American Academy of Sports Medicine. Por isso, acredito que todos estes conhecimentos colaboram para que dentro do consultório médico o meu papel de médico seja atender o paciente que busca mais qualidade de vida e prevenção às doenças.
Agora sabendo um pouco quem é o Doutor Julian, conte para nós a importância que uma alimentação saudável tem para o nosso corpo?
R.: Tudo que você põe na boca vai fazer parte de você. Você pode comparar o corpo com uma máquina, por exemplo com um carro. Quando você vai em uma oficina, o mecânico avalia a situação do carro e dá um diagnóstico mostrando qual peça é preciso trocar. Em seguida, ele te passa o orçamento e você acha o preço muito caro. Para economizar, você poderia falar ao mecânico que colocasse uma peça mais barata. Em geral, não é assim que a pessoa faz. Como neste caso, podemos comparar que se você entende que seu corpo é uma máquina logo não irá colocar qualquer peça de reposição. Isso por que, como nossos sistemas são conectados, uma coisa que acontece no seu calcanhar pode afetar o seu humor e você passar a não comer direito. Sem se alimentar direito você decide parar a prática de exercícios físicos e pode ter também uma depressão. Ou mesmo uma gastrite nervosa ou outra doença que foi causada por uma coisa mínima que você não deu a devida atenção. Tudo em nosso corpo é conectado e todas as “peças” fazem parte e devem estar em seu melhor estado. Por isso, é muito importante a alimentação saudável. Coma comida saudável, não coma lixo.
Diante desses explicações, devemos usar suplementação: Porquê?
R.: No mundo ideal onde todos os nutrientes estivessem presentes nas plantas e a carga de estresse das pessoas fosse reduzida, os alimentos supririam todas as nossas necessidades metabólicas. Mas hoje, com cultura em cima de cultura, o solo está depredado. O alimento está contaminado de produtos químicos como agrotóxicos. E nos últimos anos a carga de estresse das pessoas também aumentou. Por exemplo, na época em que não existia telefone celular e nem internet era comum se fazer uma compra se pagar em 30 dias e tinha que esperar para chegar a fatura. Hoje, com a tecnologia, você faz uma compra e já recebe na hora uma mensagem informando que o dinheiro foi debitado de sua conta corrente. É tudo muito automático, não se tem muito espaço nem para respirar. Até mesmo as mulheres estão submetidas a uma carga de estresse muito maior atualmente. Temos também nos alimentos a presença dos corantes, conservantes e toda uma carga de estresse ambiental. É importante lembrar do álcool, do tabagismo, da inatividade física, da falta de sono e do excesso de contas para pagar. Tudo isso faz com que a carga de estresse seja tão grande que nosso corpo não consegue lidar se não houver a suplementação. As pessoas não se alimentam corretamente, comem itens como arroz, feijão e carne, mas se esquecem dos vegetais verdes, como o brócolis e o aspargo. E a suplementação veio para fazer uma complementariedade, uma sinergia, uma adição.
E para aqueles que têm uma vida de trabalho e correria, como podem fazer para adequar a uma vida saudável?O senhor Dr. Julian pratica essa alimentação saudável?
R.: Acabo de mostrar o meu próprio exemplo. Enquanto me preparava para a entrevista, peguei um pouco de água e coloquei um pouco de “Whey” (Whey Protein), alguns aminoácidos que manipulo e tomei. É assim. A pessoa precisa se nutrir. Hoje tomei café pela manhã e não consumi nenhuma proteína. Por isso, cheguei ao consultório e tomei um “Whey”, que é uma proteína isolada por que tenho intolerância à lactose e desta forma me supri de nutrientes.O que acontece? É muito importante se entender que o nutriente presente no seu corpo vai fazer parte de você e ele vai te proporcionar um melhor rendimento dependendo se ele está em falta ou não em seu organismo. Por isso, mesmo com a correria do dia a dia, a pessoa precisa traçar estratégias para se nutrir. Se for o carro coloque o suplemento em seu carro, em seu escritório ou outro lugar. Uma outra opção é fazer o uso de marmitas. É melhor fazer as próprias marmitas em casa e levar o alimento, não recomendo que as pessoas façam suas refeições na rua. E como diz Bill Gates: “Não tem como voltar atrás depois que uma nova tecnologia já se apresentou”. Então, é muito difícil se viver hoje em dia sem a internet, sem a nanotecnologia.Eu mesmo tenho dois liquidificadores portáteis, um em meu consultório e outro no meu carro. Quando preciso, bato rapidamente o meu shake. E tendo esta consciência da necessidade de se nutrir a pessoa passará a adotar estratégias para manter uma boa alimentação.
Como o senhor sugere que as pessoas devem se alimentar diariamente?Qual a dica que o Dr.Julian dá para aqueles que nos lê e querem chegar à idade madura saudável?
R.: O estilo de vida é tudo. O que é o estilo de vida? É você entender que é preciso se alimentar bem. E todos os parâmetros que foram estudados em vários povos sobre pessoas que têm uma grande longevidade foi descoberto certos padrões comuns de estilo de vida. A maior parte delas, algumas centenárias, consomem somente alimentos retirados da terra. Ou seja, não comem alimentos industrializados. Ele mantém uma dieta sem corantes, conservantes, enlatados, além de ter um sono bem regulado. Eles realizam suas atividades diurnas e dormem mais cedo. Um outro fator importante para se ter longevidade é a convivência em comunidade, ou seja, você participar de um grupo seja de igreja, de esportes, de jogos, etc. Se você está em comunidade você terá o senso de união e isso te mantém aceso. As pessoas que se aposentam tendem a morrer mais cedo que aquelas que se mantém ativas. E no mais é cuidar do corpo, da alimentação, do sistema hormonal, praticar exercícios físicos. Prestar atenção na saúde da memória, tratar as inflamações, não se expor a produtos químicos e principalmente realizar ações que ajudam no controle do estresse. Yoga, natação, meditação, alongamento, fazer aulas de pintura, dança, artes, tudo isso promove o relaxamento do espírito. Corpo, mente e espírito estão todos conectados em um só buscando sempre a elevação do ser e tendo a saúde como pilar.
É possível viver nesse mundo tão industrializado e ter uma vida com saúde?Como o senhor explica essa volta ao passado em relação a alimentação?
R.: É uma tendência bastante natural. As pessoas estão observando que há duas vertentes. Uma é a medicina da doença. A outra é a medicina da saúde. A primeira é aquela em que se fica doente e passa a ser dependente de medicação sintética patenteada e não se pode reproduzi-la, a pessoa se torna refém da indústria farmacêutica. A segunda vertente é a medicina da saúde, da promoção de mudanças de estilo de vida. Nela se busca identificar mudanças que estão acontecendo no processo metabólico de uma forma preventiva. Por isso, ela é focada na pessoa e não na doença, ela quer entender o que a pessoa está pensando, como a pessoa está agindo e o que pode ser melhorado. Desta forma, vejo que as doenças não podem ser resolvidas apenas com remédios sintéticos.
Numa palavra final o senhor poderia dar um conselho para aqueles que nos lêem. Como eles poderiam obter todos esses benefícios que o senhor comentou?
R.: As pessoas estão percebendo que compensa muito mais cuidar da saúde do que cuidar da doença. E tudo isso vai ter um custo em sua vida. Lá na frente você poderá precisar gastar uma boa quantidade de dinheiro com internações e procedimentos médicos caros. Ou se investe preventivamente comprando alimentos orgânicos, investindo em treinos e exercícios físicos. Isso sim é um verdadeiro plano de saúde. Por isso estão percebendo que se pode usar o alimento como um remédio e que se intervir antes é melhor que depois “chorar o leite derramado”. Com uma maior divulgação das informações pelas redes sociais, pela internet e veículos da mídia, as pessoas estão interagindo mais e trocando informações sobre como se cuidar melhor da saúde. Um exemplo é o movimento das blogueira de saúde e coachings. E espero que todas as pessoas se tornem cada vez mais saudáveis.